TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO |
Trata-se da
transmissão de calor que ocorre entre um corpo
sólido (principalmente) e um fluido em
movimento, podendo o corpo fluido ser líquido ou
gasoso. A convecção pode ser natural ou forçada.
Diz-se que a convecção é natural quando o
movimento do fluido ocorre unicamente devido a
variações de seu peso específico (densidade). Na
convecção forçada o movimento do fluido é
provocado por uma bomba, no caso de um líquido,
ou por um ventilador, no caso de um fluido
gasoso.
A transferência de
calor por convecção pode ser classificada de
acordo com a natureza do escoamento:
Convecção
livre (ou natural):
ocorre devido às diferenças de
densidade causadas por variações de temperatura
no fluido.
Convecção Forçada: quando o escoamento é
causado por meios externos, tais como
ventilador, uma bomba, etc.
Convecção com mudança de fase: quando
apresenta a troca de calor latente. Essa troca
de calor latente é, geralmente, associada à
mudança de fase entre os estados líquidos e
vapor do fluido, condensação e ebulição.
Convecção natural
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Convecção forçada |
Escoamento induzido por forças de
impulsão |
Fluido
forçado a escoar sobre superfície
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6.3.1 Lei
Básica
O calor
transferido por convecção, na unidade de tempo,
entre uma superfície e um fluido, pode ser
calculado através da relação proposta por Isaac
Newton:
(eq. 1.21)
A
tabela a seguir fornece ordens de grandeza do
coeficiente de película (h).
A figura 1.13
ilustra o perfil de temperatura para o caso de
um fluido escoando sobre uma superfície
aquecida.
A simplicidade da
equação de Newton é ilusória, pois ela não
explícita as dificuldades envolvidas no estudo
da convecção. O coeficiente de película é, na
realidade, uma função complexa do escoamento do
fluido, das propriedades físicas do meio fluido
e da geometria do sistema. A partir da equação
1.21, podem ser obtidas as unidades do
coeficiente de película. No sistema métrico,
temos:
(eq.1.22)
Analogamente, nos
sistemas Inglês e Internacional, temos:
6.3.2 Camada
Limite
Quando um fluido
escoa ao longo de uma superfície, seja o
escoamento em regime laminar ou turbulento, as
partículas na vizinhança da superfície são
desaceleradas em virtude das forças viscosas. A
porção de fluido contida na região de variação
substancial de velocidade, ilustrada na figura
1.14, é denominada de camada limite
hidrodinâmica.
Consideremos agora
o escoamento de um fluido ao longo de uma
superfície quando existe uma diferença de
temperatura entre o fluido e a superfície. Neste
caso, o fluido contido na região de variação
substancial de temperatura é chamado de
camada limite térmica. Por exemplo,
analisemos a transferência de calor para o caso
de um fluido escoando sobre uma superfície
aquecida, como mostra a figura 1.15. Para que
ocorra a transferência de calor por convecção
através do fluido é necessário um gradiente de
temperatura (camada limite térmica) em uma
região de baixa velocidade (camada limite
hidrodinâmica).
O mecanismo da
convecção pode então ser entendido como a ação
combinada de condução de calor na região de
baixa velocidade onde existe um gradiente de
temperatura e movimento de mistura na região de
alta velocidade. Portanto:
·
Região de baixa velocidade => a condução é mais
importante
·
Região de alta velocidade => a mistura entre
o fluido mais quente e o mais frio é mais
importante.
6.3 Resistência
térmica na convecção.
Como visto
anteriormente, a expressão para o fluxo de calor
transferido por convecção é:
Um fluxo de calor
é também uma relação entre um potencial térmico
e uma resistência:
Igualando as
equações obtemos a expressão para a resistência
térmica na convecção:
(eq. 1.26)
6.3.4 -Mecanismos Combinados de Transferência de
Calor (Condução-Convecção)
Consideremos uma
parede plana situada entre dois fluidos a
diferentes temperaturas. Um bom exemplo desta
situação é o fluxo de calor gerado pela
combustão dentro de um forno, que atravessa a
parede por condução e se dissipa no ar
atmosférico.
Utilizando a
equação de Newton (equação 1.21) e a equação
para o fluxo de calor em uma parede plana
(equação 1.3), podemos obter as seguintes
equações para o fluxo de calor transferido pelo
forno:
Colocando as
diferenças de temperatura em evidência e somando
membro a membro, obtemos:
Substituindo as
expressões para as resistências térmicas à
convecção e à condução em parede plana na
equação acima, obtemos fluxo de calor
transferido pelo forno:
(eq.
1.27)
Portanto, também
quando ocorre a ação combinada dos mecanismos de
condução e convecção, a analogia com a
eletricidade continua válida; sendo que a
resistência total é igual à soma das
resistências que estão em série, não importando
se por convecção ou condução.
Exercício
R.6.3.3. A parede de
um edifício tem 30,5 cm de espessura e foi
construída com um material de k = 1,31 W/m.K. Em
dia de inverno as seguintes temperaturas foram
medidas: temperatura do ar interior = 21,1 ºC;
temperatura do ar exterior = -9,4 ºC;
temperatura da face interna da parede = 13,3 ºC;
temperatura da face externa da parede = -6,9 ºC.
Calcular os coeficientes de película interno e
externo à parede.
Exercício
R.6.3.4. Um reator de
paredes planas foi construído em aço inox e tem
formato cúbico com 2 m de lado. A temperatura no
interior do reator é 600 ºC e o coeficiente de
película interno é 45 kcal/h.m2.ºC.
Tendo em vista o alto fluxo de calor, deseja-se
isola-lo com lã de rocha (k= 0,05 kcal/h.m.ºC)
de modo a reduzir a transferência de calor.
Considerando desprezível a resistência térmica
da parede de aço inox e que o ar ambiente está a
20ºC com coeficiente de película 5 kcal/h.m2.ºC,
calcular :
a) O fluxo de
calor antes da aplicação do isolamento;
b) A espessura do
isolamento a ser usado, sabendo-se que a
temperatura do isolamento na face externa deve
ser igual a 62 ºC;
c) A redução (em
%) do fluxo de calor após a aplicação do
isolamento.